terça-feira, 15 de junho de 2010

VIDAS LUSÓFONAS

Biografia de D. João I, Mestre de Avis (VER AQUI).

terça-feira, 1 de junho de 2010

Alhos Vedros: Bilhete de Identidade

Alhos Vedros é uma vila essencialmente dormitório, apesar da existência de pequenas e médias indústrias (confecção e cortiça) e comércio reduzido. Uma parte significativa da população local exerce a sua actividade fora da zona, no sector industrial e terciário, utilizando para o efeito transportes públicos (rodoferroviários e fluviais) ou viatura própria.
A implantação da malha urbana primitiva de Alhos Vedros está intimamente relacionada com as funções ribeirinhas que lhe serviram de suporte económico. Assim, a formação urbana paralela ao esteiro, apoiando-se nos caminhos rurais, como directrizes de crescimento, foi uma constante nestes aglomerados ribeirinhos. O desenvolvimento urbano do núcleo antigo faz-se, primeiramente, nos primeiros decénios do século XX, por preenchimento da malha urbana, originando uma organização morfológica em "quarteirão".
Com o aparecimento do caminho de ferro são induzidas outras funções, prevalecendo, em meados do século XX (anos 40), a actividade corticeira, que transformam radicalmente a imagem urbana do aglomerado, fazendo-o aparecer como vila-indústria, onde esta actividade rivaliza, em ocupação do solo, com as actividades residenciais.
É nesta época que se dá o grande crescimento urbano, com base na formação de bairros operários, sendo o organismo urbano atraído na direcção da estação de caminho de ferro e, igualmente, no sentido oposto ao esteiro, apoiado na estrada nacional Barreiro-Montijo.
A expansão urbana para Nascente debate-se com o problema da ligação dos tecidos urbanos, contrariando o prolongamento axial do núcleo, apoiado nos caminhos paralelos ao esteiro. Paralelamente e a Sul do caminho de ferro, o fraccionamento de prédios rústicos, consolidado por edificação, dá origem ao aparecimento de bairros periféricos de formação "espontânea". Também durante esta época (anos 40 a 70), altera-se profundamente a estrutura urbana do núcleo antigo, por substituição tipológica quase radical.

A Igreja Matriz de Alhos Vedros é também designada por Igreja de São Lourenço. A sua fundação remonta, possivelmente, a fins do séc. XIII, mas da construção primitiva nada resta. Existe um documento que compelia a igreja a contribuir para despesas de guerra, sendo este o primeiro a referênciar a igreja de São Lourenço em 1320, podendo-se desta forma afirmar que a sua construção é sem dúvida anterior ao séc. XIV.
É uma igreja de nave única com capela-mor e capelas laterais. Apresenta duas particularidades interessantes, uma é o facto de estar localizada de frente para o rio Tejo, fora do centro da vila o que revela a importância económica e social do rio, a outra é o facto da sua porta principal localizar-se para poente e mais uma vez não para a população. Esta última situação dever-se-à talvez à possibilidade dos cristãos ao participarem no culto poderem estar voltados para oriente onde Jesus Cristo nasceu e donde provém a luz.
Esta igreja, tal como a conhecemos é um conjunto estilístico heterogéneo o que revela modos diferentes de encarar a Morte, a Vida e a Devoção. Expressão desta Devotium Moderna (religiosidade interiorizada e o assumir individual da morte) encontra-se nas iniciativas privadas de edificação das capelas, onde é possível fazer uma leitura do universo mental e religioso desde o séc. XV ao séc. XVIII.

A capela de São Sebastião (primeira do lado direito, junto à porta) de estilo gótico foi edificada no séc. XV por Pero Vicente (1) tendo sido sepultado com sua mulher Constança Vaz na capela. A capela foi restaurada por Fernão do Casal (filho do fundador), tendo sido o mesmo sepultado em túmulo com estátua jacente. Femão do Casal foi cavaleiro da casa de D. Afonso V e foi morto na batalha de Zamora em 1476. É o único exemplar de tumulária nobre quatrocentista no distrito de Setúbal: a estátua sobrepujada por um brasão de armas com cinco florões de lis, apresenta Femão do Casal com uma armadura, empunhando uma espada e com a cabeça repousada sobre uma almofada bordada e pés assentes numa mísula lavrada.
Posteriornente em 1730 uma nova iniciativa particular manda revestir as paredes da capela de azulejos brancos e azuis reflectindo uma religiosidade barroca (uma atitude religiosa mais exteriorizada, em que, a comunicação sob todas as formas e a ocupação dos sentidos têm uma função primordial na transmissão da mensagem religiosa).
Este empenhamento piedoso laico reflecte-se nas restantes Capelas, as quais se vão afirmando em estrita articulação com o espaço religioso e com a crença numa vida "post.mortem".

A capela de São João Baptista (terceira do lado direito) de estilo Manuelino tem as paredes cobertas de azulejos, do tipo de aresta (azulejos sevilhanos hispano-árabes), da primeira década do séc. XVI. No chão da capela encontra-se a sepultura de Pero Gomes de Faria (1517), cavaleiro de D. Manuel I e possivelmente fundador da capela. A capela de N.ª Sr.a do Rosário (primeira do lado esquerdo) é datada do séc. XVII com azulejos datados mas provavelmente do séc. XVIII onde está representada a vida da Virgem.

A capela de N.ª Sr.a dos Anjos (Segunda do lado esquerdo) está datada do séc. XVI e nela pode-se observar uma cúpula mourisca e sepulturas da família Mendonça Furtado, provavelmente seus fundadores. É nesta capela que está depositada a imagem de N.ª Sr.a dos Anjos, datada do séc. XV, feita em pedra e com o menino no braço esquerdo. Segundo a tradição esta imagem está relacionada com milagres e é alvo de devoção em procissão anual. No baptistério da igreja existem azulejos do séc. XVIII onde está representado o baptismo de Jesus.

O corpo da igreja sofre intervenções no séc. XVII, ao nível da pintura do tecto, ostentando o caixotão central uma pintura de intensa policromia sobre o martírio de S. Lourenço, e no séc. XVIII ao nível do revestimento em azulejos. Numa perspectiva de valorização e de enquadramento do Património Histórico e Ambiental, a Câmara melhorou a envolvência paisagística do monumento, ao proceder à construção do Parque das Salinas.

(1) - Pero Vicente era criado da Casa do Infante D. Fernando. Este infante D. Fernando era filho do rei D. Duarte, 1º Duque do Beja, 2º Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo.

(2), antigo juiz da Sisa de Alhos Vedros, Coina, Aldeia Galega e Alcochete. Constança Vaz foi a sua primeira mulher e mãe de Fernão do Casal, após a morte daquela, casou-se pela segunda vez, com Catarina Lopes, a Bulhoa, dama de honor da Infanta Dª. Leonor, irmã de D. Afonso V.
Segundo Alexandre Herculano, na sua História de Portugal, os pelourinhos teriam tido origem na "columna moenia" romana, a qual conferia à cidade que a possuia, determinados privilégios.

Em Portugal, a partir dos finais do século XII, quando se começaram a erguer
pelourinhos, no forum dos centros urbanos (cidades ou vilas), também estas colunas de pedra significavam o distintivo da jurisdição administrativa dum concelho e da sua autonomia municipal.
Além do seu poder jurisdicional, serviam ainda como locais, onde eram imputados castigos públicos aos delinquentes. Estes eram amarrados à coluna e aí eram açoitados ou mutilados, de acordo com a gravidade do delito praticado. Mas a partir do século XV, os pelourinhos deixaram de estar associados à ideia de castigo e passaram a designar o local, onde se fixavam os alvarás e éditos. Na generalidade, a construção de tais monumentos vinha sempre na sequência da outorga da carta de foral.

O pelourinho de Alhos Vedros é disso exemplo. pois resulta da concessão do foral à vila (1514), enquadrando-se na acção política de reorganização administrativa, encetada por D. Manuel I (ao reformar os forais, compilados na "Leitura Nova", mandou construir novos pelourinhos).
Por esta razão, o referido pelourinho, não só constitui o símbolo do poder municipal, da vila de Alhos Vedros, sobre as terras vizinhas, como também é um testemunho material da política reformista. empreendida por esse rei. Além do seu significado político, reúne também em si valor artístico e arquitectónico, relacionado com o estilo da época.
Assim sendo, trata-se de um monumento manuelino, do século XVI: a Base apresenta-se decorada por um singelo entrelaçado; a Coluna alta, de superfície plana, é sob repujada pelo Capitel, de forma prismática e lisa; o qual termina no Remate, decorado com a esfera armilar, símbolo emblemático do Rei Venturoso

A Igreja da Santa Casa da Misericórdia foi construída em 1587, a deduzir pela leitura da inscrição sobre o portal. Embora se desconheça a história desta igreja, pensa-se que terão sido os rendimentos da instituição, bem como os donativos e doações de benfeitores, as principais fontes de receita que custearam as obras da sua construção. Associada à necessidade do serviço religioso, a Igreja da Misericórdia reflecte as ideias da época e da comunidade, profundamente marcadas pela perspectiva religiosa.
Assim, a conjugação da corrente renascentista ao nível do portal, com a nova corrente artística, o maneirismo, sobretudo ao nível da planta, testemunha o pensamento e a necessidade às novas exigências, físicas e funcionais do espaço religioso. Cria-se, deste modo, uma nave única, um espaço público de vivência comunitária, onde as funções litúrgicas são profundamente marcadas pela pregação. Daí o púlpito estar situado, sensivelmente, a meio da nave, de forma que a voz do orador se possa ouvir na totalidade do espaço.
O plano desta Igreja constitui um claro exemplo do "estilo chão", uma arquitectura despojada de elementos decorativos, fria e funcional que marcou as construções religiosas entre o fim do séc. XVI e meados do séc. XVII. Conforme a regra da arquitectura religiosa, está orientada longitudinalmente para Nascente, já que a implantação de uma igreja tinha de obedecer não só a necessidades físicas, mas também simbólicas.
A capela mor constitui o espaço mais nobre e sagrado, daí resultando uma série de soluções destinadas ao seu realce, por isso apresenta-se a um nível superior ao do corpo da Igreja.
O altar mor é o seu ponto central e ostenta um retábulo de talha dourada que evidencia características maneiristas tardias (fim do século XVII). A sua estrutura encontra-se organizada como um arco de triunfo, formando uma larga cobertura central, onde albergaria uma tribuna. Tendo por base as "Informações Paroquiais', "uma bela e esmerada imagem do Senhor dos Passos, que dizem ter vindo das pares da Índia por ordem dos Mendonças (D. Luís de Mendonça Furtado, Vice-Rei da Índia de 1571 - 1677), fidalgos da Cova", estaria colocada nesta tribuna do altar mor.
Do conjunto destacam-se, pela sua concepção, os dois pares de colunas torsos que imitam o lápis-lazúli, com capitéis coríntios e fustes ligeiramente talhados com algumas ramagens. Estes pares de colunas marcam as edículas laterais que ladeiam a abertura central. O remate superior do retábulo é preenchido por uma imagem do Sagrado Coração de Jesus e por anjos nas zonas laterais, o que ajuda a unificar toda esta belíssima composição, com prenúncios do Barroco.
A azulejaria que reveste as paredes da igreja é datada da primeira metade do século XVIII, reflecte já uma religiosidade barroca, de intensa fulgurância visual, na medida em que procura transmitir a mensagem religiosa através da ocupação dos sentidos. Os painéis, envolvidos por cercaduras altamente ornamentadas, foram concebidos como autênticos cenários teatrais.
A Igreja da Misericórdia, pelas suas características arquitectónicas/artísticas constitui um extraordinário documento histórico que encerra em si a dimensão de um passado, rico em significados e com a possibilidade de resistir no tempo.

Perto da Estação Ferroviária de Alhos Vedros existe um velho Poço, considerado um monumento histórico. Trata-se do chamado Poço "Mourisco" que, segundo a tradição oral, teria sido construído durante a dominação árabe. Mas na verdade, trata-se de um poço quinhentista, decorado com elementos colhidos da natureza, sendo de realçar o ramo de oliveira com azeitonas. a flor de lis e a cabaça, símbolo da Ordem de Santiago. Ao longo dos tempos. teceu-se uma lenda a respeito do mesmo: "quando algum rapaz ou rapariga com a cabeça conseguir partir a cabaça que nele se encontra esculpida, dele sairá um tesouro imenso de moedas em ouro que o tornará feliz por toda a vida". As pedras cimeiras apresentam profundos sulcos que teriam sido abertos pelo roçar das cordas no vai-vem dos baldes o que demonstra grande utilização. Na década dos anos 60, não sabemos a que propósito, o poço foi atulhado e nem as históricas pedras do resguardo escaparam ao "camartelo" indo jazer no fundo sob o entulho.
No entanto o bom senso viria a vencer a incoerência e, algum tempo depois, o "Poço Mouro" foi reaberto e o resguardo. um tanto danificado, foi reposto no seu lugar e lá está atestando a passagem de povos remotos pela vila de alhos Vedros.

O Palacete da Quinta da Fonte da Prata constitui um belo exemplar da arquitectura revivalista, na medida em que procura imitar as casas solarengas do século XVIII, como diz a Construção Moderna, de 25 de Julho de 1915, p. 106 "(...) pode dizer-se que é uma residência do século XVIII edificada no século XX, mas que, parece ter, realmente a antiguidade que a sua arquitectura indica (...)".
Esta Casa edificada cerca de 1910, foi projecto do arquitecto Guilherme Eduardo Gomes que procurou construir uma casa de arquitectura requintada, conforme o modelo e o carácter português setecentista e de forma a evidenciar a abastança, o gosto e o estilo de vida do seu titular. É um pequeno mundo que contém as comodidades que a vida da época exigia. Assim, o andar térreo seria destinado a serviços indispensáveis, arrecadações e o primeiro andar, a parte nobre da casa, seria habitada pela família.
Mas a concepção da casa passa não só por exigências de conforto, como também de arte e deste modo vemos surgir paredes revestidas de azulejos, uma grande varanda que se abre para o exterior para permitir a contemplação da natureza, uma escadaria interior requintadamente trabalhada em madeira, a cantaria que envolve as janelas e portas ricamente decorada procurando imitar a ornamentação Manuelina; bem como o emprego do estuque em magnífica obra artística para os tectos de algumas das salas.
É uma construção que reflecte antes de mais a estrutura agrária que o Município da Moita conheceu no século XX, uma grande propriedade altamente rentabilizada e conhecida por uma classe de latifundiários já bastante esclarecidos. Dado a sua situação de eminente ruina, a Câmara Municipal cedeu este espaço com o intuito de ser recuperado na sua traça arquitectónica original. Presentemente está a funcionar como uma Instituição Particular de Solidariedade Social (Centro Fonte da Prata), com vista à recuperação de toxicodependentes.

O moinho de maré do cais de Alhos Vedros, integrado no Palácio dos Condes de São Payo, remonta aos inícios do século XVIII e foi propriedade da família Tristão Mendonça Furtado e laborou até 1940. Tendo sido adquirido em 1986 pela C.M. Moita, encontra-se em recuperação com vista ao seu aproveitamento museológico.
Outros pontos de interesse são: frente à Igreja Matriz situa-se o Parque das Salinas; junto à estação da CP encontra-se o portal da Corchera;e o monumento à cortiça na Estrada Nacional.

No mês de Julho, decorre a Festa em Honra de Nª. Srª. dos Anjos, a mais antiga das festividades religiosas do concelho. Confundem as suas origens com uma lenda: a aproximação dos exércitos de Almansor (emir Almorávida que lançou em 1190 uma ofensiva a partir de Marrocos com o objectivo de recuperar as terras conquistadas por D. Afonso Henriques) ao castelo de Palmela, levou a que parte da população daquele castelo fugisse para as terras que hoje são Alhos Vedros. Pediram a Nossa Senhora dos Anjos que os protegesse das investidas do exército de Almansor. Como pagamento pela promessa, o povo de Alhos Vedros todos os anos celebra Nossa Senhora dos Anjos.
No século XVI esta romaria devia ser a mais importante da margem sul do estuário do Tejo. Quando em 1521 foi criado o Concelho do Barreiro, o rei D. Manuel determinou no foral que os vizinhos do novo município contribuissem para a procissão em Honra de Nossa Senhora dos Anjos.

O Corso Carnavalesco realiza-se Domingo e Terça-Feira de Carnaval. É uma festa popular que atrai muitos visitantes às ruas da Vila.

Na Barra Cheia, zona rural da freguesia, realiza-se, em Outubro, a Festa de Nª. Srª. da Atalaínha. Parece remontar a 1850, derivando o seu nome da grande devoção à Nª. Srª. da Atalaia do Montijo. A festa realiza-se sempre no final da época das colheitas, período do ano em que os trabalhadores estão mais disponíveis para uns momentos de encontro com a história e a realidade local.

O Rancho Etnográfico de Danças e Cantares da Barra Cheia organiza anualmente três festivais internacionais de folclore que têm lugar em Abril, Julho e Setembro, em Alhos Vedros, Barra Cheia e Moita, além de outra localidades da região da Costa Azul.
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Dados Estatísticos da Freguesia de Alhos Vedros
Área da Freguesia: 1.525 ha
População da Freguesia: 12.614 (2001)
11.421 (1991)
9.947 (1981)
Eleitores: 10.199 (1997)
Edifícios: 2.984 (2001)
Alojamentos familiares: 6.014 (2001)
Alojamentos colectivos: 10 (2001)
Colectividades e Associações: 21
Jornais: 1
Bibliotecas: 1
Pré-escolar: 5
Escolas do 1º ciclo: 6
Escolas do 2º e 3º ciclos: 1
Escolas de ensino especial: 2
Parques urbanos: 1
Campos polidesportivos: 2
Campos de futebol: 1
Piscinas: 1
Campos de ténis: 2
Centros de saúde: 1
Farmácias: 2
Hospitais: 1
Estações dos correios: 1
Estações de comboios: 1
Mercados: 1

in, Jornal O Rio

Moinho da Encharroqueira

http://aliusvetus.weebly.com/moinho-encharroqueira.html

El-Rei Seleuco, de Luís Vaz de Camões

El-Rei Seleuco é o nome de uma peça de teatro de Luís Vaz de Camões.
Trata-se de um auto que satiriza a nobreza. A trama baseia-se na intenção do rei de desposar a mulher que o seu filho ama. A atribuição do El-Rei Seleuco a Camões, porém, é controversa. Sua existência não era conhecida até 1654, quando apareceu publicada na primeira parte das Rimas na edição de Craesbeeck, que não dá detalhes sobre a sua origem e teve poucos cuidados na edição do texto. A peça também diverge em vários aspectos das outras duas que sobreviveram, tais como em sua extensão, bem mais curta (um ato), na existência de um prólogo em prosa, e no tratamento menos profundo e menos erudito do tema amoroso. O tema, da complicada paixão de Antíoco, filho do rei Seleuco, por sua madrasta, a rainha Estratônica, foi tirado de um fato histórico da Antiguidade transmitido por Plutarco e repetido por Petrarca e pelo cancioneiro popular espanhol, trabalhando-o ao estilo de Gil Vicente.[1][2]

In Wikipedia

Passagem onde, estranhamente, se faz referência a Alhos Vedros:
Diz logo o Mordomo [Escudeiro], ou dono da casa:
is, senhores, o Autor, por me honrar nesta festival noite, me quis representar üa farsa;
e diz que por se não encontrar com outras já feitas, buscou uns novos fundamentos para a quem tiver um juízo assi arrazoado satisfazer. E diz que quem se dela não contentar, querendo outros novos acontecimentos, que se vá aos soalheiros dos Escudeiros da Castanheira, ou d'Alhos Vedros e Barreiro, ou converse na Rua Nova em casa do Boticário, e não lhe faltará que conte. Porém diz o Autor que usou nesta obra da maneira de Isopete. Ora quanto à obra, se não parecer bem a todos, o Autor diz que entende dela menos que todos os que lha puderem emendar. Todavia, isto é pera praguentos: aos quais diz que responde com um dito de um filósofo, que diz: Vós outros estudastes para praguejar, e eu pera desprezar praguentos. E contudo quero saber da farsa, em que ponto vai. Moço! Lançarote!

Esta é a versão em html do arquivo http://www.infor24.net/reciclartes/amargo_de_boca/Lit_PT/LVCAMOES/el_rei_seleuco_camoes.rtf.

António Hipólito da Costa, 1º visconde de Alhos Vedros

Sobre António Hipólito da Costa
Alguns dados de Guerreiro sobre a questão dos viscondes de Alhos Vedros:

NPB - Nobreza de Portugal e Brasil - 3 vols
Direcção de Afonso Eduardo Martins Zuquete
Editorial Enciclopédia, 2ª Edição
Lisboa, 1989


Casamentos
Casamento I: 1778
Bárbara Rosaura Elisiária da Silva
Com: António Hipólito da Costa, 1º visconde de Alhos Vedros * 1756

Viscondes de Alhos Vedros

Criação
Título criado por D. Maria II, rainha de Portugal por decreto de 26-01-1836
http://genealogia.sapo.pt/titulos/tit_show.php?id=45
In http://alhosvedrosaopoder.blogspot.com/2004/11/sobre-antnio-hiplito-da-costa-ii.html

Limites entre Alhos Vedros e Vale da Amoreira

Projecto de Lei n.º 404/VII
Alteração dos limites entre as Freguesias de Vale da Amoreira e Alhos Vedros no Concelho da Moita

Situação


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A população residente do Bairro dos Brejos de Faria, Freguesia de Vale da Amoreira, do Concelho da Moita, têm vindo a manifestar, há já alguns anos, o desejo e a necessidade de se integrarem territorial e administrativamente na Freguesia de Alhos Vedros, do mesmo Concelho.

Os laços de afinidade que unem os moradores do referido bairro a Alhos Vedros são evidentes quer no campo cultural, quer no campo económico, administrativo ou religioso.

Na verdade as crianças e os jovens frequentam os estabelecimentos de ensino básico e secundário de Alhos Vedros e o universo da população recorre aos serviços de saúde, aos correios, aos transportes públicos colectivos, entre outros, existentes na freguesia vizinha.

Refira-se ainda que os moradores de Brejos de Faria para se deslocarem à sede da freguesia de Vale da Amoreira, atravessam a freguesia de Alhos Vedros, por não existir uma acessibilidade directa daquele bairro ao resto da freguesia a que legalmente pertencem, facto que lhes causa problemas óbvios.

Acresce que muitos dos residentes do Bairro mantêm-se recenseados na freguesia da Alhos Vedros.

Os moradores do Bairro desejam, assim, integrar-se na freguesia de Alhos Vedros com quem mantêm desde há muito relações estreitas, prova-o entre outras tomadas de posição, os abaixo-assinados de 1988 e 1994 subscritos pela longuíssima maioria da população, assim como outras manifestações dirigidas à Assembleia da República, Ministério do Planeamento e Administração do Território e Autarquias.

A necessidade e aspiração da população dos Brejos de Faria foi em 1995 objecto de apreciação pelas autarquias, concretamente a Assembleia e Junta de Freguesia de Vale da Amoreira, da Junta de Freguesia de Alhos Vedros e da Câmara Municipal da Moita, que se pronunciavam favoravelmente à pretensão dos moradores.

Constatando que esta alteração ao limite das freguesias corresponde aos interesses e à vontade expressa da população dos Brejos de Faria, os Deputados abaixo-assinados do Grupo Parlamentar do PCP, nos termos e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, apresentam o seguinte Projecto de Lei:

Artigo 1º

É alterada a delimitação entre as Freguesias de Vale da Amoreira e Alhos Vedros, no Concelho da Moita e Distrito de Setúbal.

Artigo 2º

Os limites das referidas Freguesias, conforme representação cartográfica em anexo, são:

VALE DA AMOREIRA

A NORTE - Caminho Municipal, Avenida 1º de Maio e o limite da freguesia de Alhos Vedros.

A POENTE E A SUL - O limite entre os Concelhos da Moita e do Barreiro.

A NASCENTE - Vala Real a partir do limite da freguesia de Alhos Vedros até à bifurcação que limita a poente o Bairro Brejos Faria, prédio nº 21 da secção J, inflectindo para nordeste pela azinhaga (caminho a pé posto) que corta o prédio nº 16 da secção J e limita a sul o Bairro Brejos Faria, até encontrar a Vala que limita a nascente o referido Bairro, seguindo para sul ao longo da mesma até atingir o limite dos Concelhos da Moita e Barreiro.

ALHOS VEDROS

A NORTE - Estuário do Tejo entre o limite da freguesia da Baixa da Banheira e o limite da freguesia da Moita na Quinta do Matão.

A POENTE - Os limites da freguesia da Baixa da Banheira, são definidos por uma linha que, partindo da margem esquerda do rio Tejo, das marinhas de João da silva e das de Sebastião Alves Dias e orientando-se no sentido dos ponteiros do relógio, segue pela azinhaga de serventia das mesmas até encontrar a EN 11-1 (Dec. Lei nº 47513, Artº. 2), Fábrica da Cortiça, Via Férrea, Vinhas das Pedras), limite da freguesia do Vale da Amoreira, (Avª 1º de Maio, extrema comum das propriedades de herdeiros de Fausto Braga e do Marquês de Rio Maior; a partir deste ponto progride pela referida extrema até encontrar a azinhaga que separa as propriedades de herdeiros de Jorge Massito, António Anastácio , Quinta do Lacrau e Quinta da Chouriça das de José Viegas Valagão, João da Silva, Emília dos Santos e Quinta da Barroca, prosseguindo por esta azinhaga até ao pontão denominado Rio dos Paus, continuando para Sul conforme a descrição do limite Nascente da freguesia do Vale da Amoreira) e limite entre os Concelhos Moita e Barreiro.

A SUL - Limite entre os Concelhos da Moita e Palmela.

A NASCENTE - Limite poente da freguesia da Moita em toda a extensão da zona denominada por Brejos da Moita.

Assembleia da República, 30 de Julho de 1997

Alhos Vedros

ALHOS VEDROS: D. João l refugiou-se em Alhos Vedros durante a epidemia de peste que assolou Lisboa e vitimou sua mulher, D. Filipa de Lencastre. Foi também em Alhos Vedros que o mesmo monarca autorizou seus filhos a organizar a expedição a Ceuta. Em 1514 foi-lhe concedido foral por D. Manuel l. Origem do nome: “Alhos Vedros representa uma sorte de excepção, porque o adjectivo “vedro” (lat. Vetulu) ao menos marcar-lhe-á o século Xlll, o mais recuar, o Xll. O nome principal Alhos, é perfeitamente português e, já se vê, desse tempo; e a sua ligação ao adjectivo arcaico vedros apenas pode, talvez significar que a povoação já existia, embora pequena, quando se fez o repovoamento após a tomada de Palmela, eliminando-se provavelmente a designação primitiva (talvez pelo menos arábica): o nome seria sugerido pela flora local dominante e a vetustez do povoado determinaria a aplicação do adjectivo”. (Dr. Xavier Fernandes – 1944). A tradição diz-nos que, num Domingo de Ramos, os mouros de Palmela assaltaram os cristãos de Alhos Vedros quando estes se encontravam na igreja. Os cristãos saíram do templo e atacaram os mouros, servindo-se apenas das palmas e dos ramos bentos. E, apenas com estas armas, conseguiram uma grande vitória. A partir deste acontecimento, começou a celebrar-se anualmente naquele Domingo, depois da cerimónia dos Ramos a que assistia a Câmara, uma grande festa dedicada à Senhora dos Anjos.
A exploração das salinas, que ainda se verifica, foi muito importante para a economia da povoação.

Em: http://www.terravista.pt/baiagatas/2172/portugal/almada.htm, de Carlos Leite Ribeiro

(enviado por Fernanda Gil)

Vamos lá ao Museu?...

“…Eu avanço com uma sugestão: Penso que o espaço indicado para a construção do prometido espaço museológico será o Palacete do Cais Velho de Alhos Vedros. Não haverá outro sítio no Concelho, onde se respirará com mais força os ecos da nossa história.”

Surgem estas palavras ainda na sequência do “Ponto de Encontro sobre a História”, um Encontro organizado pelos Amigos da História Local que decorreu no Centro Paroquial de Alhos Vedros, em Setembro passado.

Ali se anunciou o nascimento de uma nova associação cultural, Alius Vetus – Associação Cultural História e Património que, segundo as palavras de Vítor Cabral, aparece com os olhos postos no futuro, dada a proximidade da data em que Alhos Vedros comemorará os 500 anos da atribuição do Foral pelo rei D. Manuel I, na sua elevação a Vila.

Bem-vindo seja, pois, quem atempadamente se ocupa de tão dignos propósitos, sobretudo, porque está mais que na hora de valorizarmos o património histórico que temos entre mãos, porque é nosso, tem valor e não há razão para continuar encoberto e maltratado.

No referido “Encontro”, onde infelizmente só pudemos estar presentes nas comunicações da tarde, ouvimos o nosso estimado amigo António Ventura falar sobre “Alhos Vedros no contexto económico da margem esquerda do estuário no Antigo Regime (sécs. XVII e XVIII)”, onde numa palestra apoiada por documentação quanto baste, seriedade e rigor, nos foi dizendo do declínio económico que o Concelho de Alhos Vedros começou a revelar neste período. De tal forma que, como sabemos, no século XIX, depois de reformas políticas na reorganização administrativa do território, deixou de ser a sede de Concelho.

Mas como também referiu com clareza António Ventura, na parte introdutória da sua comunicação, foi grande a importância histórica que Alhos Vedros teve na região, nos três ou quatro séculos que antecederam esse declínio económico. Avançamos com alguns exemplos que justificam essa afirmação:
O valor da atribuição da carta de foral atribuída pelo rei em 1514; a grande importância que a região teve na expansão ultramarina; a suposta autoria de Álvaro Velho no “Roteiro”, título da crónica que relata a viagem de Vasco da Gama à Índia; o luto que o Rei D. João I cumpriu em Alhos Vedros, quando da morte da rainha Filipa de Lencastre, onde também vieram os seus filhos antes de partirem para a conquista de Ceuta – recordemos que um dos seus filhos era o Infante D. Henrique, a grande figura dos Descobrimentos Portugueses; os mais antigos registos escritos que existem da Igreja Matriz de Alhos Vedros, datados de finais do século XIII, mesmo não dando conta da sua real origem, já que são conhecidos relatos que vão até ao início da nacionalidade, como será o caso da lenda da Nossa Senhora dos Anjos, se bem que aqui os amigos historiadores talvez tenham dificuldade em chegar.

Já para os nossos amigos arqueólogos que muito trabalho têm desenvolvido pelo Concelho, essas dificuldades não se põem, pois que os vestígios encontrados apontam para uma ocupação humana destes lugares há, pelo menos, 5 ou 6 mil anos. Destaquemos aqui, nas várias escavações que têm sido efectuadas por cá, o trabalho de António González que com poucos apoios, mas muita vontade, tem possibilitado um conhecimento mais alargado do passado da nossa região. E diga-se, para bem da verdade, começou González todo este trabalho, numas escavações que decorreram à volta da Igreja Matriz de Alhos Vedros, onde então pode contar com o apoio e a colaboração da Cooperativa de Animação Cultural (CACAV).

Entre historiadores e arqueólogos, também não queremos deixar de elogiar as pesquisas desenvolvidas por José Manuel Vargas que, embora não tenhamos tido a possibilidade de ouvir neste encontro, já tivemos oportunidade de o escutar várias vezes e até de ter lido farta documentação sobre o assunto por ele desenvolvida.

Diga-se também que, aqui e ali, tem vindo a Autarquia a apoiar algumas iniciativas nos estudos da história local, mas que muito mais seria de esperar por parte de quem tem a responsabilidade política dos destinos da região, faz muitos anos. Em abono da verdade, deveremos dizer que temos verificado alguma manifesta insensibilidade, por parte dos responsáveis autárquicos, no que toca à preservação do património histórico do Concelho. Tanto quanto sabemos, e até pode ser que saibamos pouco, muito reduzida tem sido a inventariação, sinalização ou identificação dos nossos testemunhos históricos.

E depois, com o passar dos anos, se não se preserva o património, ele acaba por desaparecer. Pensemos, por exemplo, no saudoso velho cinema, ou no edifício da velha “Cadeia”, onde supostamente, se não estou em erro, terão funcionado os Paços do Concelho de Alhos Vedros que faz pouco tempo foi destruído para dar lugar a casas de habitação.

Em nossa perspectiva, torna-se necessário que a edilidade, para lá de desadequados interesses políticos e velhos mecanismos de preservação do poder, apoie incondicionalmente todos os agentes individuais ou colectivos, que se têm ocupado em dar visibilidade ás riquezas locais, culturais e artísticas, muitas vezes com prejuízo pessoal e profissional. Afinal, o interesse na construção de uma boa qualidade de vida na região é de todos, sem excepção.

Também é verdade que não estamos no deserto e muita coisa tem sido feita. Refiram-se, por exemplo, as boas notícias dadas no “Encontro”, pela senhora vereadora da cultura, sobre a recuperação do Moinho de Maré de Alhos Vedros, ou da aquisição por parte da Autarquia do Palacete do cais Velho que passou a ser propriedade da Câmara Municipal.

Aliás, por todas as razões apontadas atrás, temos aqui um magnífico lugar neste Palacete para definitivamente construirmos um Museu Municipal. O Concelho da Moita deverá ser o único do Distrito que não tem um Museu. É um défice enorme no panorama cultural do Concelho que temos de considerar. Eu avanço com uma sugestão: Agora que isso se tornou possível, penso que o espaço indicado para a construção do prometido espaço museológico será o Palacete do Cais Velho de Alhos Vedros. Não haverá outro sítio no Concelho, onde se respirará com mais força os ecos da nossa história.

Depois do muito trabalho já desenvolvido, torna-se urgente que se dê visibilidade junto da população dos materiais já desenterrados, escritos, edificados. Uma população que não conheça o seu passado nunca dará boa conta da sua identidade. Temos entre mãos um conjunto enorme de riquezas em que tardamos a dar o devido valor. O nosso património histórico, arqueológico, cultural, artístico (e desportivo, apesar de tudo), é vasto e riquíssimo. Não há mais tempo a perder.

Luis Santos
Professor da Escola Superior de Educação de Setúbal
in, Foral 2014 - Revista da AliusVetus, Associação Cultural, História e Património, nº1, Dez. 2007.